sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Como tocar um ser dentro de um corpo duro? (cançao)

Que corpo é esse que dizem ser meu ?
Quem é essa que chamam de ela ?
Quem sou eu que so sinto, e sinto,
Me esburaco, e sumo ?

Quem sou eu que nao aprendi a ser?
Quem sou eu que procuro sentido pra ser ?
Quem sou eu que tenho que fazer sentido?

E essas pessoas que passam, materiais.
O que se passa nelas eu nao sei.
Falo com elas, e a sensaçao é a de que nunca vou as conhecer.

As pessoas sao casulos.
Como tocar um ser dentro de um corpo duro ?
As pessoas sao casulos.
Como tocar um ser dentro de um corpo duro ?

Ouvide!

Tenho fome de não ter palavras,
De não ter o tempo de mastigá-las, elaborá-las
Me cora usá-las brutas, desse modo
Palavras tantas, tão sinceras, tão elas.
E as uso sem mistério, sem critério.

Ao fim do dia,
Foi tudo rápido.
Não me dei o tempo de deitar, chorar,
Ouvir o rasgo da palavra nao usada,
O som da letra nunca escrita,
O deboche de quem sabe que a palavra,
A palavra bem dita, bendita,
A palavra modifica, prolifica, faz faisca.

Ah, me dá um tempo!
Deixa eu falar sem falar direito,
Deixa eu exclamar essa coisa que nem conheço.

(O que nao conheço é o que me faz,
é o que toma meu tempo,
Me transforma por dentro.)

Rimas bestas!
Quero so palavras bem feitas.
Quero é palavras sentidas, não sempre ditas.
Me importa é essa agonia que me inspira,
Essa tensao que me obriga,
Nao é a balada que te nutrifica,
é so a palavra, a palavra bem dita
E ouvida.

Ouvide!